Acusado de corrupção, um dos membros da família real da Espanha,
Iñaki Urdangarin, fechou um contrato com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) tendo em vista a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O Banco
admitiu ao Estado que pagou R$ 140 mil à empresa da nobreza espanhola, sem
licitação, para “a analisar opções de apoio ao governo brasileiro frente à preparação da
Copa do Mundo 2014″.
Iñaki Urdangarin, que é genro do rei da Espanha, está sendo
investigado na Espanha por ter usado uma fundação e empresas que criou para
desviar milhões de euros em dinheiro público, envolvendo até mesmo sua mulher,
uma das princesas espanholas e filha do rei Juan Carlos. O caso fez a
popularidade da família real espanhola desmoronar aos seus piores índices desde
o fim do regime de Franco e, neste mês, contas do instituto presidido por Urdangarin
foram bloqueadas em paraísos fiscais.
Agora, o jornal El País traz revelações de um dos sócios do genro do
rei, o empresário Alex Sánchez Mollinger, à Justiça. Segundo ele, Urdangarin
obteve um contrato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento no Brasil. “O
Mundial de futebol de 2014 foi dado ao Brasil e havia o interesse de
desenvolver um caminho de como aproveitar a Copa para gerar desenvolvimento e
obter valor a partir do evento”, explicou Mollinger no processo.
O sócio do suspeito admitiu que ele e Urdangarin chegaram a viajar
ao País. “Estivemos no Brasil e nos pediram uma extensão para os Jogos
Olímpicos de 2016. Foi Urdangarin quem trouxe o contrato, repartindo o dinheiro
com base nos trabalhos realizados”, insistiu.
Investigações na Espanha revelaram que sua fundação e empresas deram
notas falsas, camuflou suas contas e evadiu impostos durante anos, enquanto
supostamente anunciava que trabalhava para promover o desenvolvimento a partir
do esporte.
Plano – No caso dos contratos no Brasil, o procurador anticorrupção
da Justiça de Las Palmas, onde o caso está sendo julgado, ainda não decidiu se
existem provas suficientes a partir das novas revelações para indiciar
Urdangarin por crimes fiscais.
A reportagem do Estado pediu esclarecimentos ao escritório do BID no
Brasil sobre a natureza dos contratos, os valores envolvidos e a finalidade dos
acordos com a empresa do genro do monarca espanhol.
A reportagem também
questionou o banco se o contrato foi cumprido pela fundação do membro da
família real. O escritório do BID em Brasília só respondeu depois de receber um
sinal verde de Washington, sede da instituição.
Segundo a assessoria do Banco, “o BID contratou a Numa Capital em 2009, para
analisar opções de apoio ao governo brasileiro frente à preparação da Copa do
Mundo 2014″.
Questionado sobre o serviço prestado pela empresa, a resposta foi a
seguinte: “Os termos de referencia incluíam, entre outros, a preparação de um
plano plurianual 2009-2014, para consideração das autoridades brasileiras diante
dos preparativos para a Copa do Mundo 2014 e um relatório final com sugestões
sobre os arranjos institucionais para as tarefas de monitoramento das
atividades preparatórias para a Copa”.
De acordo com o BID, a Numa Capital “cumpriu com o estipulado no contrato”,
que rendeu US$ 70 mil ao genro do rei.
Questionado se houve licitação, o banco deixou claro que não.
“Segundo nossas regras, pelo valor da contratação, não era necessária licitação
internacional”, indicou a assessoria.
Segundo o site do BID, o portfólio do banco em projetos no Brasil
chega a US$ 9 bilhões, com parte de suas açoes justamente nas cidades que
receberão os jogos da Copa de 2014.
Jamil Chade é correspondente do jornal O Estado de São Paulo na
Europa desde 2000. Foi premiado como o melhor correspondente brasileiro no
exterior em 2011, pela entidade Comunique-se. Com passagem por 67 países e
mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Genebra, Chade foi
presidente da Associação de Correspondentes Estrangeiros na Suíça entre 2003 e
2005 e tem dois livros publicados. « O Mundo Não é Plano » (2010) foi finalista
do Prêmio Jabuti, categoria reportagem. Na Suíça, o livro venceu o prêmio
Nicolas Bouvier. Em 2011, publicou “Rousseff”.
Acusado de corrupção, um dos membros da família real da Espanha,
Iñaki Urdangarin, fechou um contrato com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) tendo em vista a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O Banco
admitiu ao Estado que pagou R$ 140 mil à empresa da nobreza espanhola, sem
licitação, para “a analisar opções de apoio ao governo brasileiro frente à preparação da
Copa do Mundo 2014″.
Iñaki Urdangarin, que é genro do rei da Espanha, está sendo
investigado na Espanha por ter usado uma fundação e empresas que criou para
desviar milhões de euros em dinheiro público, envolvendo até mesmo sua mulher,
uma das princesas espanholas e filha do rei Juan Carlos. O caso fez a
popularidade da família real espanhola desmoronar aos seus piores índices desde
o fim do regime de Franco e, neste mês, contas do instituto presidido por Urdangarin
foram bloqueadas em paraísos fiscais.
Agora, o jornal El País traz revelações de um dos sócios do genro do
rei, o empresário Alex Sánchez Mollinger, à Justiça. Segundo ele, Urdangarin
obteve um contrato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento no Brasil. “O
Mundial de futebol de 2014 foi dado ao Brasil e havia o interesse de
desenvolver um caminho de como aproveitar a Copa para gerar desenvolvimento e
obter valor a partir do evento”, explicou Mollinger no processo.
O sócio do suspeito admitiu que ele e Urdangarin chegaram a viajar
ao País. “Estivemos no Brasil e nos pediram uma extensão para os Jogos
Olímpicos de 2016. Foi Urdangarin quem trouxe o contrato, repartindo o dinheiro
com base nos trabalhos realizados”, insistiu.
Investigações na Espanha revelaram que sua fundação e empresas deram
notas falsas, camuflou suas contas e evadiu impostos durante anos, enquanto
supostamente anunciava que trabalhava para promover o desenvolvimento a partir
do esporte.
Plano – No caso dos contratos no Brasil, o procurador anticorrupção
da Justiça de Las Palmas, onde o caso está sendo julgado, ainda não decidiu se
existem provas suficientes a partir das novas revelações para indiciar
Urdangarin por crimes fiscais.
A reportagem do Estado pediu esclarecimentos ao escritório do BID no
Brasil sobre a natureza dos contratos, os valores envolvidos e a finalidade dos
acordos com a empresa do genro do monarca espanhol.
A reportagem também
questionou o banco se o contrato foi cumprido pela fundação do membro da
família real. O escritório do BID em Brasília só respondeu depois de receber um
sinal verde de Washington, sede da instituição.
Segundo a assessoria do Banco, “o BID contratou a Numa Capital em 2009, para
analisar opções de apoio ao governo brasileiro frente à preparação da Copa do
Mundo 2014″.
Questionado sobre o serviço prestado pela empresa, a resposta foi a
seguinte: “Os termos de referencia incluíam, entre outros, a preparação de um
plano plurianual 2009-2014, para consideração das autoridades brasileiras diante
dos preparativos para a Copa do Mundo 2014 e um relatório final com sugestões
sobre os arranjos institucionais para as tarefas de monitoramento das
atividades preparatórias para a Copa”.
De acordo com o BID, a Numa Capital “cumpriu com o estipulado no contrato”,
que rendeu US$ 70 mil ao genro do rei.
Questionado se houve licitação, o banco deixou claro que não.
“Segundo nossas regras, pelo valor da contratação, não era necessária licitação
internacional”, indicou a assessoria.
Segundo o site do BID, o portfólio do banco em projetos no Brasil
chega a US$ 9 bilhões, com parte de suas açoes justamente nas cidades que
receberão os jogos da Copa de 2014.
Jamil Chade é correspondente do jornal O Estado de São Paulo na
Europa desde 2000. Foi premiado como o melhor correspondente brasileiro no
exterior em 2011, pela entidade Comunique-se. Com passagem por 67 países e
mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Genebra, Chade foi
presidente da Associação de Correspondentes Estrangeiros na Suíça entre 2003 e
2005 e tem dois livros publicados. « O Mundo Não é Plano » (2010) foi finalista
do Prêmio Jabuti, categoria reportagem. Na Suíça, o livro venceu o prêmio
Nicolas Bouvier. Em 2011, publicou “Rousseff”.
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